CRESCIMENTO INFANTIL

INTRODUÇÃO

O crescimento, do ponto de vista biológico, refere-se à alteração da forma, tamanho e funções celulares. Teoricamente, ele deve ser estudado desde o momento da fecundação do óvulo até a velhice, pois o crescimento celular ocorre durante toda a vida de um indivíduo. Entretanto, para a clínica pediátrica, a observação e a avaliação dos padrões de crescimento do momento do nascimento até a adolescência é o que realmente importa, uma vez que o crescimento somático do organismo é interrompido ao término desta última fase.

É importante definirmos alguns termos empregados em nosso dia a dia. Utilizamos a palavra crescimento para representar o aumento físico corporal. É o processo de aumento da massa corporal; é a expressão macroscópica da hiperplasia e hipertrofia celulares. É quantitativo, logo tem que ser avaliado de forma quantitativa: o seu estudo inclui a avaliação de peso e altura da criança ao longo do tempo. O crescimento pode ser considerado um dos indicadores de saúde mais importantes da criança.

Fatores extrínsecos, como alimentação adequada, estímulos biopsicossociais e atividade física, assim como fatores intrínsecos (genética, sistema neuroendócrino), vão apresentar influências profundas e marcantes tanto no crescimento quanto no desenvolvimento de uma criança. Diversas doenças, sejam elas de natureza carencial (desnutrição, violência física, psicológica, sexual, negligência), genéticas (cromossomopatias, mutações variadas), neoplásicas, infecciosas, inflamatórias, podem influenciar negativamente o crescimento e/ou o desenvolvimento. Estes tópicos serão descritos em detalhes ao longo do texto.

FISIOLOGIA DO CRESCIMENTO

CRESCIMENTO PRÉ-NATAL

O período de crescimento e desenvolvimento mais intenso e transformador ocorre antes do nascimento; é aquele que produz um indivíduo a partir de uma célula-ovo. Cerca de 30% das gravidezes sofrem aborto espontâneo, sendo a principal causa para isso as malformações e anomalias cromossômicas. Diversos fatores influenciam positiva ou negativamente o crescimento e desenvolvimento fetal. O primeiro trimestre é o mais vulnerável, pois é aquele no qual a organogênese é mais intensa.

Durante o período pré-natal, os fatores extrínsecos ao feto e que interferem em seu crescimento são fatores associados com a saúde materna e com a placenta. Os fatores intrínsecos ao feto incluem a carga genética e a integridade do sistema endócrino.

Diversas situações podem influenciar negativamente no crescimento pré-natal, tais como o uso de substâncias pela mãe (álcool, anticonvulsivantes, cocaína), tabagismo e quadros de desnutrição materna.

CRESCIMENTO PÓS-NATAL

FATORES EXTRÍNSECOS

AMBIENTAIS

Os estímulos ambientais têm influência tanto no período pré-natal como no pós-natal. Após o nascimento, o meio ambiente também exerce influência significativa. Um exemplo desta afirmativa é a baixa estatura encontrada em crianças com problemas na afetividade e vítimas de violência doméstica. Nesta situação, também conhecida como "baixa estatura de causa psicossocial", existe não só atraso no crescimento, mas também no desenvolvimento ósseo, neuropsicomotor e emocional.

É muito provável que estímulos ambientais diversos exerçam influência no sistema límbico e hipotálamo, alterando a fisiologia da secreção hormonal e a sensibilidade dos órgãos efetores (órgãos que sofrem a ação dos hormônios).

Sabemos que as doenças intercorrentes, principalmente as crônicas, como estados inflamatórios, cardiopatias e desnutrição, trazem um prejuízo enorme ao crescimento, que não se processa de forma adequada. O próprio efeito da restrição ao leito também leva a desordens no balanço proteico e à perda óssea.

Apesar do estresse agudo ser prejudicial ao crescimento, geralmente, após a cura da enfermidade, a criança compensa o deficit transitório no seu ganho em altura.

NUTRICIONAIS

A energia derivada das calorias da dieta é aproveitada de forma significativa durante o crescimento e desenvolvimento. No primeiro ano de vida, cerca de 40% da energia é direcionada para este processo, caindo para 20% ao final deste período. Os carboidratos, as proteínas e as gorduras devem ser ofertados de forma balanceada e as necessidades calóricas devem ser obedecidas. Os hidratos de carbono e os lipídios são responsáveis pela maior parte da energia oferecida.

Os carboidratos têm função quase exclusivamente calórica e representam cerca de 50% ou mais das calorias fornecidas.