Obesidade

• Excesso absoluto ou relativo de gordura corporal e não, necessariamente, excesso de peso
• IMC ≥ 30
• Prevalência aumentando com o tempo
• Epidemia mundial
  • Brasil
    • 40% tem sobrepeso
    • 10% tem obesidade

Etiologias

• Complexa e multifatorial

  • Interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais

  • 95-99%

    • Patogênese exata não é conhecida
    • Obesidade primária
      • Obesidade simples (a mais comum):
        • Obesidade comum, sem relação com outras doenças
        • Origem poligênica e multifatorial
        • Inadequação dietética e inatividade física
        • Relacionada à depressão, transtornos alimentares, drogas

  • 1-5%

    • Uma causa pode ser estabelecida
    • Obesidade secundária
      • Doenças pré-existentes:
        • SOP
        • Síndrome de cushing
        • Hipotireoidismo
        • Hipogonadismo Síndrome hipotalâmica
        • Dgh
        • Hiperinsulinismo.
      • Síndromes genéticas:
        • SPW, Alstrom, Bardot-Biedl, X frágil (causa cromossômica)

    

• Fatores de risco

  • História familiar (a obesidade é uma doença de forte componente genético, aliado ao ambiental), os baixos níveis socioeconômicos e o sexo feminino.

Fisiopatologia da obesidade

• Provocada pelo acúmulo de tecido adiposo, composto pelos adipócitos, reveste as vísceras e está presente no subcutâneo

  • Todo excesso de “energia” absorvido pelo organismo é armazenado sob a forma de triglicerídeos nos adipócitos.
  • Este é o ponto fundamental da obesidade: “o excesso de energia acumulada”...

• Ambiente obesogênico

  • Com o desenvolvimento humano, passou-se a haver um:
    • Aumento da ingestão calórica
      • Alimentos hipercalóricos, maior tamanho das porções, dieta rica em gordura, alimentação hedônica (prazer)
      • Pouca saciedade (falta de fome entre refeições)
      • Pouca saciação (sensação de plenitude após a refeição) à aumento da fome
      • Privação de sono (aumento do cortisol)
      • Fatores psicológicos (ansiedade, depressão).
    • Redução do gasto energético
      • Baixa taxa metabólica de repouso
      • Pouca massa magra (musculo é mais metabolicamente ativo → maior taxa metabólica basal)
      • Sedentarismo
      • Perda ponderal
      • Redução da atividade involuntária (escada rolante, controle remoto, elevador).

• Desbalanço entre gasto energético e ingesta calórica

  • Lipogênese, aumento de insulina, aumento da gordura visceral, aumento de adipócitos

• Fatores genéticos muito associados

  • Indivíduos expostos ao ambiente obesogênico com respostas diferentes.
    • Todas as variáveis se inter-relacionam de formas diferentes em cada pessoa...
  • Forte predisposição, leve predisposição, resistência genética.

• Fatores neurais e regulação da ingestão alimentar

  • O consumo de alimentos depende de centros hipotalâmicos (centro regulador da fome) que regulam o apetite (“fome”) e a saciedade, com receptores centrais e periféricos os quais são estimulados ou inibidos por atividade neural e por hormônios provenientes do tubo digestivo, pâncreas e do próprio tecido adiposo.
  • Os neurônios de primeira ordem no núcleo arqueado (hipótalamo) liberam neurotransmissores responsáveis pelas:

    • Vias anorexígenos

      • Inibem o apetite ou estimulam a saciedade
        • POMC, CART, Serotonina, Noradrenalina, Alfa-MSH, CRH, o TRH e o fator de transcrição regulado pela cocaína e anfetamina.

    • Vias orexígenos:

      • Aumentam o apetite e inibem a saciedade
        • Neuropeptideo Y, AGRP

      

    • Existem também moléculas sinalizadoras periféricas: Leptina, insulina, grelina, colecistoquinina(CCK), peptídeo YY, peptídeo glucagon-like tipo 1(GLP-1)

    • Leptina

      • Secretado pelos adipócitos em resposta à hiperalimentação e ao ganho de gordura corporal
      • A leptina inibe o apetite e ativa a saciedade,
        • Bloqueia a liberação hipotalâmica do neuropeptídeo Y (“o maior estimulante central do apetite”)
        • Estimula a secreção do alfa-MSH (um promotor de saciedade), derivado da POMC (Pró-Opiomela-nocortina).
      • Marcador da obesidade
        • Quanto mais obeso o paciente, maior é o nível plasmático de leptina,
        • Maior tecido adiposo mais leptina produz; ativa via anorexigenica →Obesos tem mais gordura e tem mais leptina, mas possuem maior resistencia a leptina e por isso sentem mais fome
      • Importante fisiologicamente para evitar a desnutrição
        • Quando o indivíduo se alimenta pouco e perde peso, há um bloqueio fisiológico de sua produção pelos adipócitos, estimulando o apetite e fazendo a pessoa ingerir mais alimentos...

    • Grelina

      • Liberada pelo estômago(Fundo gástrico) e duodeno
      • Aumenta o apetite
        • Orexígena
      • Aumenta quando estomago tá vazio e estimula fome → jejum → grelina aumenta → diminui após alimentação; ativa oregixenica)
      • Bariatrica reduz o tamanho do estomago, assim reduzindo tb a liberação de Grelina

• No obeso pode-se ter maior sinalização da via orexigênica

  • Adipocito: Leptina
  • Estomago e duodeno: Grelina
  • Ileo terminal: Oxm, pyy (sinalizadores da via anorexigenica)
  • Insulina: come → aumenta insulina → via anorexigenica → saciedade
  • Cck
    • Moléculas sinalizadoras periféricas(anorexígena)

  

  

Diagnóstico

• IMC(peso/ altura2)→ Índice de Quetelet

  • Abaixo do peso: < 18,5

  • Peso normal: 18,5 - 24,9

  • Sobrepeso: 25 - 29,9

  • Obesidade: ≥ 30 (Grau I: 30 - 34,9; Grau II: 35 - 39,9; Grau III: ≥ 40)

  • Superobesidade: ≥ 50

    

    Classificação da obesidade segundo o Índice de Massa Corpórea (IMC) e o risco de doença — OMS.

  <aside> 💡 Limitações IMC

  • IMC não distingue massa gordurosa de massa magra;
  • IMC não reflete a distribuição da gordura corporal;
  • IMC pode subestimar a presença de gordura visceral intra-abdominal, que é um fator de risco para a doença cardiovascular;
  • O IMC não reflete necessariamente o mesmo grau de gordura em diferentes populações

  </aside>

• Circunferência abdominal - pacientes caucasianos

  • OMS: ideal para homens < 94 cm e mulheres < 80 cm
  • IDF: sul-americanos → ideal homens até 90 cm e mulheres 80 cm
    • Paciente que não se enquadram tem maior risco de complicações metabólicas, principalmente hipertensão arterial

• Relação cintura-quadril:

  • 0,85 (mulher) > 0,90 (homem).

• Outras formas de avaliar a massa gordurosa corporal e sua distribuição:

  • Bioimpedância, ultrassonografia, TC, RM, absorciometria com raios X de dupla energia (DEXA) e espectrometria por raios infravermelhos.
    • Na prática, todavia, tais exames não são feitos de rotina com este intuito, pois, na maioria das vezes, não se mostram necessárioss
  • Pregas cutâneas
    • Utiliza-se o adipômetro para aferição da quantidade de gordura em alguns locais específicos para determinar a gordura corporal total a partir de fórmulas
      • Normal: 12 – 20% homem e 20 – 30% mulher.
  • Bioimpedância elétrica
  • Densitometria (DXA)
  • Obesos são inflamados → vasoconstrição, rvp