Essa história ocorre durante uma visita domiciliar em Planaltina-DF , supervisionada por uma agente comunitária de saúde, por meio da matéria de IESC. Nesse sentido, eu e o meus 2 colegas já tínhamos realizado outras 2 visitas naquele mesmo dia, que foram bem tranquilas, colhemos todas as informações, e fizemos as orientações necessárias. Durante a 3° visita, conhecemos a Dona Maria, uma senhora de 82 anos que vive em uma casa simples, cheia de plantas no quintal. Tem 3 filhos e 4 netos, sendo que 1 filho e 2 netos moram come ela, porém todos os dias a família se reuni para o almoço preparada por dona Maria.

Inicialmente eu e meus colegas sentamos naquelas cadeiras de balanço, aquelas com as cordas entrelaçadas bem típicas de ‘casa de vó’ e começamos a colher as informações. Ela demonstrava-se triste, cabisbaixa, sem brilho algum no olhar. Isso me despertou a curiosidade, fiquei me perguntando ‘’ O que deve ter acontecido para essa senhora estar assim?’’. E conforme a vista acontecia, aos poucos as falas de dona Maria respondiam essa pergunta. Dona Maria acabou de perder um filho, a menos de um semana, em um acidente de carro. Dona Maria, é hipertensa, diabética, cardiopata com insuficiência cardíaca congestiva, tem nódulo na tireoide, Ulcera péptica por infecção por H. pylori que não foi tratada adequadamente, Dor nas articulações, ansiedade e entre outras doenças que me falham a memoria. Dona maria, toma mais de 10 medicamentos todos os dias, chegando ao ponto dela não saber ao certo o horário correto da ingestão de cada medicação, ingerindo qualquer 2 comprimidos a cada período do dia. Enfim, Dona maria está doente.

Todas essas características me chamaram a atenção para um possível diagnostico de depressão, onde todas essas enfermidades e o luto seriam a causa para esse quadro. Porém, diante isso tudo, me senti extremamente impotente, pois, por mais que me esforçasse para ajudar aquela senhora, dando orientações sobre as medições, como melhorar a sua qualidade de vida e incentivando a ida aos centros de saúde, mas no final eu sou somente um estudante. Minha vontade era levar a dona Maria em um hospital, pagar todos seus exames e consultas para conseguir solucionar seu quadro, porém, isso é impossível, e por mais que acontecesse, provavelmente, o quadro dela não iria melhorar completamente. Esse fato me deixou bastante abalado, me questionando se isso se tratava de um caso de cuidados paliativos, pois por meio da rede publica a resolução dessas enfermidades é quase impossível. Nesse sentido, me lembrei de uma frase muito marcante “Curar Algumas Vezes, Aliviar Quase Sempre, Consolar Sempre” que explica muito bem o papel da medicina na sociedade: Cuidar de pessoas. Logo, antes de ser um bom medico, tento me tornar uma pessoa boa a cada dia, sempre ajudando os que mais precisam e acima de tudo, com empatia e amor.