Conteúdo mínimo: Histórico, Definições e Classificações diagnósticas, etiologia, epidemiologia, manifestações físicas, psíquicas e outras; exame psiquiátrico, diagnóstico diferencial,intervenção e tratamento
Transtornos de ansiedade(Generalizado e paroxistica)
- Os transtornos de ansiedade configuram um dos transtornos psiquiátricos mais comuns e provocam grande demanda nos serviços de saúde. A ansiedade é um estado de humor desconfortável, um sentimento de defesa, que alerta o indivíduo quanto à possibilidade de um perigo ou ameaça iminente ou de algo desconhecido. O medo é também um sinal de alerta, mas é definido como uma resposta a uma ameaça conhecida.
- A ansiedade é caracterizada por um sentimento vago, difuso e desagradável de apreensão, que pode ser experimentado das mais diversas maneiras por cada indivíduo. Está presente no desenvolvimento normal do ser humano, permitindo que a pessoa se prepare para situações adversas, como ameaças físicas, dor, ou situações de separação ou perda. A experiência de ansiedade pode ser dividida em sinais e sintomas físicos e psíquicos, como observado na Tabela 1 .
- Os transtornos de ansiedade caracterizam-se por respostas inadequadas a uma situação ansiogênica — real ou imaginária — particularmente no que diz respeito à intensidade e à duração do quadro.
- A prevalência dos transtornos de ansiedade é maior nas mulheres e em classes sociais mais baixas. Algumas teorias psicológicas têm sido utilizadas para explicar o desenvolvimento destes transtornos, principalmente no que diz respeito aos mecanismos de defesa psicodinâmicos envolvidos. Assim, o deslocamento estaria relacionado às fobias e formação reativa, anulação e deslocamento ao transtorno obsessivo-compulsivo, por exemplo.
- Além disso, no aspecto neurobiológico, três neurotransmissores parecem estar fortemente associados à ansiedade: norepinefrina, serotonina e GABA. Alguns pacientes também parecem apresentar alterações no sistema nervoso autônomo, com aumento do tônus simpático. Componentes genéticos parecem contribuir para o desenvolvimento de transtornos ansiosos. Estudos de neuroimagem em pacientes com distúrbios de ansiedade revelam alterações em lobo temporal direito, núcleo caudado e giro para-hipocampal. A partir destes estudos, tem-se postulado que o sistema límbico e o córtex cerebral estejam particularmente implicados na neuroanatomia destes transtornos.
- A superposição dos transtornos ansiosos a outras condições clínicas é muito frequente. Os sintomas podem incluir ataques de pânico, ansiedade generalizada e sintomas obsessivo-compulsivos. Desse modo, o principal diagnóstico diferencial a ser feito inclui condições orgânicas ou psiquiátricas nas quais a ansiedade possa estar associada de forma primária ou secundária ( Tabela 2 ).
Clinica da ansiedade
- A maioria dos indivíduos com transtornos de ansiedade apresentam um ou mais sintomas somáticos, os quais podem ser relativos a todos os órgãos e sistemas do corpo.
- As principais manifestações somáticas dos transtornos de ansiedade incluem palpitações, dor torácica, dispneia ou sensação de estar sufocado, dispepsia, náusea, diarreia, inchaço ou dor abdominal, frequência ou urgência urinária, sudorese, tonturas e pré-síncope, parestesias, tremor, cefaleia, entre outros.
- As mulheres também podem passar por períodos menstruais irregulares e/ou dolorosos, além de terem libido diminuído.
Transtorno do pânico
- Se caracteriza pela ocorrência espontânea, inesperada de ataques de pânico, de forma recorrente.
- Os ataques de pânico são ataques agudos e graves de ansiedade, de curta duração, e seus sintomas podem ser confundidos com outras condições clínicas.
- Por este motivo, os pacientes frequentemente procuram serviços de emergência clínica.
- O transtorno do pânico costuma ser acompanhado por agorafobia, isto é, medo de estar sozinho em locais públicos – especialmente aqueles onde sair possa ser difícil ou o auxílio pode não estar disponível, caso sobrevenha um ataque de pânico.
Epidemiologia
- O transtorno de pânico apresenta uma prevalência de 1,5 a 5% e os ataques de pânico, de 3 a 5,6%, durante o período de vida. É mais frequente em mulheres (2:1) e a idade média de início é de 25 anos.
- O único fator social identificado que parece estar envolvido no desenvolvimento do transtorno é história recente de divórcio.
- A prevalência de agorafobia é de 0,6 a 6% e pode estar presente sem que haja transtorno de pânico associado.